26 junho 2012

Começa mal a nova líder distrital do PS


(Foto: O Setubalense)

O jornal «O Setubalense», na sua edição de ontem, através de uma entrevista, apresenta-nos a nova lider distrital do Partido Socialista, Madalena Alves Pereira, onde é já possível identificar quem é o adversário do PS e verificar que o registo da demagogia e da falsidade ganham nova expressão.

Repare-se nas seguintes pérolas do discurso da referida senhora:


M.A.P. - O modelo comunista de gestão autárquica está, metaforicamente, falido. Os números evidenciam um grau de endividamento elevadíssimo. A Câmara do Seixal é uma das três do país com uma dívida a fornecedores acima dos 100 milhões. O Barreiro ocupa o 16º lugar no ranking nacional do Município com maior prazo de pagamento a fornecedores, ou seja, paga a muito mais de um ano. Setúbal, como é sabido, já outorgou um contrato de reequilíbrio financeiro. Os municípios de gestão comunista: são aqueles que apresentam, genericamente, o maior número de cargos dirigentes nos quadros de pessoal e que, consequentemente, serão também objecto de redução com as novas medidas do Governo. A mudança ocorrerá pela afirmação de um projecto autárquico de gestão rigorosa dos dinheiros públicos, de procedimentos éticos e transparentes nas contratações de serviços e de pessoal.»

Ora, estas palavras são ditas por uma pessoa que dirige o PS no Distrito e que conta com alguma experiência autárquica no Município do Barreiro, onde como é sabido o modelo "socialista" de gestão autárquica revelou os seus resultados e, em apenas um mandato (4 anos), deram prova de uma total irresponsabilidade na gestão do Município, tendo o PS e a então vereadora Madalena Alves Pereira sido corridos pelos barreirenses no acto eleitoral que voltou a dar a vitória à CDU (ao tal modelo de gestão que a senhora diz estar falido). Já agora seria interessante que tivesse dito como deixou as finanças do Município do Barreiro depois de 4 anos da sua gestão.

Mas, quando a Presidente da Federação Distrital do PS fala em Setúbal, aí não posso deixar de pensar que começa mal, começa muito mal. Fala de um contrato de reequilíbrio financeiro a que a gestão CDU foi obrigada a recorrer depois de 16 anos de gestão miserável, prepotente e incompetente do PS e de Mata Cáceres e como não acredito que a senhora seja ignorante em relação ao que se passou em Setúbal, só posso entender as suas palavras como um verdadeiro exercício de má-fé e desonestidade intelectual.

Mais, como é possível que uma recém eleita Presidente da Federação Distrital do PS fale da situação das autarquias, da sua situação financeira, da redução dos cargos dirigentes, sem tecer uma única considerção sobre as políticas de ataque ao Poder Local Democrático, sem condenar a visão centralista e castradora que o Governo PSD/CDS tem das autarquias.

No entanto, verdadeiramente deliciosa é a afirmação final em que a nova dirigente "socialista" associa o projecto autárquico do PS a gestão rigorosa dos dinheiros públicos, procedimentos éticos e transparentes na contratação de serviços e de pessoal. Que projecto autárquico é este? Que PS é este? Onde é que podemos assistir a isto? Fiquei deveras curioso.


Mas Madalena Alves continua ao longo da entrevista a deixar-nos bons exemplos sobre de que lado está e com quem está:



Perante tais afirmações, é impossível não perguntar:
Qual é, então, a alternativa do PS?
Serão as mesmas políticas postas em prática pelo PS e que nos conduziram à tal crise?
Serão as abstenções violentas relativas ao «modelo de austeridade e insensibilidade social que não serve»?
Será a sobrevalorização da estabilidade política face à instabilidade social e económica?

E, se como diz, «Por vezes os partidos ficam reféns da sua condição de oposição e esquecem que a realização do interesse comum», fica a questão de saber se o PS, por ela dirigido, está disposto a enverdar por uma postura de realização do interesse comum e a abandonar a postura destrutiva que assume na oposição autárquica no Distrito.

Pelas primeiras impressões, pode-se ficar já com uma ideia sobre a resposta, Madalena Alves Pereira nada trás de novo, retoma a linha do PS que se associa à direita e às suas políticas e não teme recorrer à mentira, à falsidade e à manipulação para atingir os seus objectivos. As poucas entrevistas que tive oportunidade de ler revelam no Distrito um PS desesperado, amarrado a um velho discurso anti-PCP, sem propostas, sem credibilidade, mais preocupado em defender o Memorando assinado com a Troika do que em defender os portugueses, os seus direitos e legitimas expectativas. 

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