31 maio 2010

Contestação e Concertação

 Foto: site PCP

São palavras bonitas aquelas que a Ministra do Trabalho usa para acenar aos trabalhadores, ela fala em concertação, diálogo, paz social e entendimento, palavras que nada têm que ver com a dureza de expressões como luta, combate, contestação e ruptura, utilizada por trabalhadores e algumas das suas organizações.

Ao longo do fim-de-semana que passou, por causa da manifestação da CGTP, que juntou 300.000 por mais emprego, por melhores salários, por emprego com direitos, várias foram as intervenções com sentidos distintos utilizando ora palavras bonitas, ora agrestes.

A manifestação poderia, satisfazendo os senhores do dinheiros e os profetas da desgraça, não ter servido para nada, mas para uma coisa ela demonstrou ser útil, as reacções da Ministra falando da concertação e do diálogo de outras estruturas sindicais e a reacção de João Proença, da UGT, falando da luta pela luta, da inexistência de motivos para a agudização da contestação, da preocupação com a imagem do País junto dos mercados internacionais, comprovando uma vez mais ao serviço de quem está o Governo e ao serviço de quem está a UGT.

Aliás, num momento em que os trabalhadores se mobilizam para defender os seus direitos, temos uma organização "sindical" que se fecha em reunião e considera não existirem motivos para a luta de milhares, colocando-se de cócoras perante os patrões, o governo e os mercados internacionais.

De facto, as palavras até podem ser bonitas, mas o seu significado prático resulta sempre no mesmo: menos direitos, destruição de conquistas, mais desemprego, diminuição do poder de compra, degradação das condições materiais de vida dos trabalhadores.

Quando quiserem propor aos trabalhadores o diálogo, a concertação, o entendimento para reforçar os seus direitos e garantias ou para se analisar como é que de forma justa e equilibrada se repartem os custos da crise por todos, certamente, os trabalhadores e as suas organizações de classe estarão disponíveis, até lá, quando essas palavras forem apenas para apresentarem a factura dos erros e dos vícios do sistema aos mais desfavorecidos e a quem cria riqueza terão de continuar a ouvir como resposta as tais palavras feias da luta, do combate, da ruptura e da exigência de uma nova política.

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