07 julho 2010

Sinto-me inseguro quando me vigiam


A forma como alguns comerciantes, a sua associação e certos partidos políticos (leia-se CDS, PSD e PS) falam da videovigilância como a receita mágica para a resolução de todos os problemas de insegurança na baixa da cidade de Setúbal é preocupante e constitui um insulto à inteligência dos setubalenses.

Um tal sistema poderá contribuir para dissuadir certo tipo de comportamento, admitindo-se que a autarquia estude esta solução, entre muitas outras.

Mas, não deixa de ser importante a reflexão sobre os perigos de uma cidadania e de uma liberdade individual cada vez mais controlada em nome de uma aparente segurança.

Como se constata diariamente pelos telejornais, em todo o mundo as câmaras de videovigilância captam imagens de crimes sem que contribuam para a sua prevenção ou repressão, limitando-se a registá-los.

Não se compreende a cegueira de certas pessoas com esta solução e a sua incapacidade ou falta de vontade para exigir mais policiamento de proximidade, maior aposta na prevenção, no combate à exclusão e à marginalidade, mais e melhores condições de vida, mais vida no centro da cidade.

Aliás, quando se vai ao concreto vemos os mesmos partidos que exigem uma política de arme farpado em torno da baixa setubalense a defender a redução ou eliminação dos apoios sociais, a fomentarem a degradação das condições de trabalho e a dignidade profissional das forças de segurança, a promoverem a precariedade, o desemprego e os baixos salários, a oporem-se aos projectos de dinamização da baixa e da sua ocupação com actividade cultural (veja-se como o CDS e o PSD, nos órgãos municipais, votam as propostas relacionadas com a instalação da Casa da Cultura).

As questões da insegurança na cidade mereciam um debate mais profundo, mais sério e não limitado ao medo e ao discurso demagógico e fácil de quem pretende um Estado mínimo na economia, mas máximo na vigilância das liberdades cívicas. 

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